“A corrupção na administração pública agora é organizada, quase partidarizada. Uma barbaridade inaceitável. (Mário Covas).
As escolas das redes de ensino público caem aos pedaços (em todo o país). A rede hospitalar pública uma vergonha (em todo o país). A remuneração dos professores públicos vergonhosa, imoral (em todo o país). Crianças abandonadas e uma evasão escolar triste, proliferação de dependentes químicos e cracolândias, segurança pública com agentes desmotivados (em todo o país). Enquanto gestores públicos “brincam” de administrar, fazendo um “jogo” irresponsável e que compromete o futuro de gerações. O que fazer? Onde está a resposta? Creio que a resposta esteja na postura, atitude dos brasileiros, qualificando seu voto e combatendo sem tréguas a corrupção. Tolerância zero contra atos de corrupção na administração pública e em suas relações com o setor privado. Um combate implacável e fulminante a corruptos e corruptores.
Essa luta é de todos. Combater, incansavelmente, a corrupção. Sabe aquela história repetida e repetida de Tolerância Zero? E exemplos no faltam: “Há 25 anos, andar pelas ruas de Nova York não era tão seguro quanto hoje. Os índices de criminalidade atingiam recordes históricos, muitas vezes motivados pelo tráfico de drogas. A epidemia do crack, que assolou a cidade na metade da década de 80, criou regiões em que o medo fazia parte da vida dos moradores locais – uma realidade parecida com a que os paulistanos enfrentam atualmente na Cracolândia, localizada na região central de São Paulo”, informa matéria da revista Veja. Pois bem, por aí. Mas não pode haver trégua, tem que ser com energia, disposição, a todo momento, minuto a minuto. Como “o preço da liberdade é a vigilância eterna”, com a corrupção também não é diferente. A busca pela plena cidadania é um exercício democrático cotidiano. Desconstrua-se, apague-se o que se sedimentou no país em relação ao “levar vantagem em tudo”, o condenável “jeitinho brasileiro” para “resolver” os problemas. Algemem-se, indicie-se, denuncie-se, pronuncie-se e condene-se os corruptos. De preferência em penitenciárias onde se tenha como produzir alguma coisa, trabalhar, e pagar pelo custo que desde sempre é arcado pelo contribuinte. Também não adianta dizer que se trata de herança de governo passado ou que isso tem raízes profundas e causas pretéritas. Não se pode mais aceitar que a “esperteza” desvie tanto dinheiro da saúde, da educação, da segurança pública e, por fim, de todos os lados. Todos esses ladrões precisam ter resposta firme do país por meio de sua sociedade civil e suas instituições de Estado.
Quando vejo brasileiros históricos dos partidos de centro, direita e esquerda (pasmem, isso um dia existiu), concedendo entrevistas para arquivos de televisão, ao contrário de mudar o canal, paro e presto muita atenção. Havia, pelo menos, esboço de comprometimento com ações sociais, vontade para projetar e executar cenários futuros, mesmo diante de quadros adversos e perseguições internas e externas. No se trata de saudosismo, não. O compromisso com bandeiras verdadeiras, ideológicas, mesmo que palidamente, existia. Hoje, nem direita, nem centro, nem esquerda, apenas farsantes. Uma República irresponsável, repleta de oportunistas e construtores de um modelo cleptocrata de governo.
Tanto representa uma verdade que as grandes reivindicações modernas sobre cotas de gênero, espaço para minorias, direitos da mulher, combate a qualquer tipo de intolerância, etc., etc., são oriundos de grandes batalhas travadas desde sempre. Existiam esperanças voltadas para construir políticas públicas com interesses sociais. Onde foi parar o interesse público? Na maioria esmagadora das vezes não existe. Existe o interesse corporativo, malicioso, transformado em “projetos” para galgar o poder, utilizando-se de meios perversos e desleais. E galgar o poder significa “a qualquer preço”. E para quê? Para ganhar dinheiro e mais dinheiro, surrupiando os cofres da Nação. Num ponto confirmo que os governos passados (recentes), principalmente, tiveram enorme responsabilidade sobre a crescente onda de corrupção, quando lembramos frases que estão na memória dos brasileiros: “esqueçam o que escrevi, “eu não sei de nada” ou “estou saudando a mandioca”. Isso representou um malefício tão grande, que comprometeu e compromete gerações. É de tal forma a profundidade desse estrago, que apenas o tempo conseguir medir, quando a história revelar as farsas, o populismo irresponsável, o egocentrismo narcisista, desmascarando políticos hipócritas e colocando no limbo personagens os quais nunca deveríamos oportunizar conduzir os destinos do país. Onde foi que “perdemos o fio da meada”. Onde foi que nossa passividade permitiu o comprometimento de gerações e gerações e a instalação da corrupção sistêmica? Onde deixamos farsantes se agigantarem e se tornarem “pop star” do nada, estrelas sem o brilho, sem envergadura moral, sem nacionalismo e patriotismo, sem ética e com atitudes escusas? O estrago está feito. Apenas com uma tolerância zero diante da corrupção os brasileiros poderão ter a chance de reescrever e retomar sua vocação histórica, para estabelecer de reconstrução nacional, garantindo a prosperidade e o crescimento, que realmente proporcionem um Brasil com oportunidades para todos.
Gilberto Clementino
Anlise política