A bolsa de valores já abriu caindo, o dólar já abriu subindo. O dia hoje promete. A segunda onda da Covid-19 na Europa com os países anunciando restrições de circulação das pessoas tem sido, por enquanto, o principal motivo para a derrocada dos mercados europeus. Na França, a expectativa é de que o presidente Emmanuel Macron anuncie nesta quarta-feira um novo lockdown. Na Alemanha, a chanceler Angela Merkel já fala em fechar bares e restaurantes. O resultado é que as bolsas da Europa atingiram seu pior patamar desde maio. Junta-se a isso as incertezas na reta final das eleições americanas, a crise fiscal no Brasil, notícias de inflação, a expectativa com o resultado do Copom e o dólar já acordou batendo perto dos 5,80 reais. A bolsa abriu caindo mais de 2%.
Para tentar conter os ânimos, pelo menos no mercado de câmbio, o Banco Central teve que realizar um leilão no mercado à vista logo cedo, vendendo US$ 1,042 bilhão. Deu certo, e o dólar baixou dos 5,79 reais para 5,73 reais. Ontem, tinha fechado abaixo dos 5,70. O Comitê de Política Monetária também terá importante papel hoje pois vai decidir sobre os juros básicos da economia, que estão em 2%. Existe a expectativa de que haja uma sinalização de alta. Com juros tão baixos, o capital estrangeiro não tem motivos para vir ao Brasil correr riscos. Assim o dólar acaba ainda mais pressionado e valorizado e começa a contaminar os preços, gerando inflação. Sem estoques por conta do auge do distanciamento social entre abril e junho, a indústria está tendo que produzir a pleno vapor, mas com um dólar 40% mais alto do que no início do ano e alguns setores já estão repassando o aumento de preços. A inflação, inclusive, é outra notícia que tomou conta das manchetes dos últimos dias e deixa o mercado apreensivo. Os preços dos alimentos sobem, mas também de outros produtos como eletroeletrônicos.
Se o Copom subir os juros nesta quarta-feira, o outro efeito é o aumento do gasto com juros da dívida. Como já existe uma desconfiança sobre se o Brasil pode honrar seus compromissos, os investidores ficam ainda mais avessos ao risco, a bolsa cai ainda mais e o dólar sobe. E o mercado financeiro segue reagindo e se antecipando às notícias.