Triste situação do Rio Jucu. Estamos diante da crise hídrica e de farsantes travestidos de gestores (com grande parte da população também comprometida com as consequências de falta d’água). Sabemos todos do sofrimento das bacias hidrográficas do Espírito Santo, dentre as quais se encontra a do Rio Jucu com sua grande extensão. Diferente das demais, Jucu se encontra dentro do território do Estado, nascendo na região serrana, município de Domingos Martins, distante a 90 quilômetros do mar, no município de Vila Velha, onde se encontra com o Oceano Atlântico, sendo a captação de suas águas responsável pelo abastecimento de água de 60% da população da Grande Vitória.
Importante lembrar que, dentro da regra de ouro para a sobrevivência dos seres humanos, em biologia, temos regra de “três”. Por outras palavras: três minutos sem ar, três dias sem água ou três semanas sem alimentos levam à morte. Então, resumindo, prenda a respiração, deixe de beber água ou de se alimentar naqueles espaços de tempo e sua vida estará fatalmente em risco.
Mesmo diante de tamanho problema, a asfixia de bacias hidrográficas pelo país e em terra capixaba é uma constante, o que compromete a respiração, a ingestão de água potável e a produção de alimentos. O Rio Jucu, tomado como exemplo, tem sido vítima do desmatamento da mata ciliar que, em consequência, provoca seu assoreamento. Além de sofrer com o descarte de toda sorte de imundícies e lixo. Agora se alardeia que “o rio está agonizando”. Políticos indiferentes à agonia, até então calados e inertes, ocupam tribunas para vociferar em sua “defesa”. Em verdade, procuram apenas enganar incautos na busca por votos, perpetuação no poder, arrancando do Rio Jucu mais esse quinhão, aproveitando a importância da ecobacia, que a bem da verdade nunca respeitaram.
Constatou-se, para tristeza da maioria, que o Rio Jucu perde suas forças e não consegue encontrar o mar. Rios, lagoas e nascentes sofrem agressões permanentes sob o olhar indiferente dos “gestores públicos”. Planos urbanos das cidades e especuladores imobiliários, sempre juntos, perpetrando destruição de áreas de preservação permanentes e zonas de interesse ambiental. Edifícios e suas piscinas (com frequência irrisória de moradores) abocanhando milhões de metros cúbicos de água potável se proliferam, apenas para um privilégio egoísta, irresponsável e insustentável.
Surgem mais e mais plantações de eucaliptos que sugam mais e mais a terra. O Brasil é o país do mundo que possui a maior quantidade de água doce, com 12% do total existe no planeta. O volume é maior que todo o continente europeu ou africano, que detêm 7% e 10%, respectivamente. Portanto, basta um pouco de juízo, responsabilidade e fazer o dever de casa, o que parece não constar, de verdade, em nenhuma agenda desses atores.
Gilberto Clementino dos Santos
Análise Política
Fonte imagem: internet – Wikipédia