O Brasil foi o único país das Américas que teve um regime monárquico importante, com seu imperador usufruindo da admiração e respeito.

GIL

Todos sabem que, mesmo diante de curtas experiências monárquicas no Haiti e México, verdadeiramente, o Brasil foi o único país das Américas que teve um regime monárquico importante, respeitado em todo o mundo, com seu imperador, D. Pedro II, usufruindo da admiração e servindo de referência para outros países. Muitos escritores, ao longo do tempo, insistem na ênfase ao comportamento de D. Pedro I, seu pai, procurando, na ausência de sólidos argumentos diminuírem o brilho de D. Pedro II, intelectual e poliglota, incentivador das ciências, letras, artes e cultura. Até mesmo as críticas por esse ângulo são injustas. A monarquia brasileira, admitem, não existia de ostentação, sendo mesmo, de grande simplicidade, segundo relatos históricos de familiares europeus, que testemunharam, em várias visitas, uma vida de austeridade na corte do Brasil.

“Nada devo, e quando contraio uma dívida cuido logo de pagá-la, e a escrituração das despesas de minha casa pode ser examinada a qualquer hora. Não ajunto dinheiro” (D. Pedro II) 

Destacamos em outro artigo “De Dom Pedro II a uma abominável cleptocracia” que é preciso que os brasileiros tenham coragem para mudar o que deve ser mudado ou recuperar o que deve ser recuperado. Evidentemente, memórias foram apagadas deliberadamente e falsos heróis introduzidos no imaginário popular. Mas, para quem ama seu país, basta uma pesquisa isenta, sem preconceitos, para encontrar a verdade dos fatos e sentir que algo aconteceu sem que a população fosse consultada. E quando essa consulta se fez quase todos os registros históricos não existiam mais e protagonistas que encabeçaram a construção do Brasil continental, falando um único idioma, estavam apenas em livros empoeirados e jogados em fundos de bibliotecas e arquivos.

Como tão bem destacado pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, estamos diante de uma cleptocracia. Em bom português: Estado governado por ladrões. É preciso que os brasileiros estejam conscientes e tenham coragem para mudar essa tragédia nacional. E mudar ou recuperar o que? Respondemos: a forma e sistema de governo do país. O desencanto é geral. Todos “imploraram” pelo surgimento de “liderança política” que coloque o país nos trilhos e restaure a credibilidade nas instituições e, principalmente, nos homens públicos. O país precisa ocupar seu lugar junto a nações de primeiro mundo. É sua vocação natural. Em 1993, diante de um plebiscito, os brasileiros tiveram a “oportunidade” para decidir quanto à forma e sistema de governo no país, conforme colocado na Constituição de 1988, onde se pretendeu, ardilosamente, uma resposta histórica a uma acusação verdadeira de golpe contra os brasileiros. Tudo, na verdade, para legitimar de vez a república. O plebiscito perguntou e 86,6% da população votaram na continuação da República como regime de governo, contra 13,4% que apoiaram a Monarquia. 69,2% votaram Presidencialismo, contra 30,8% para Parlamentarismo, quando perguntados sobre sistema de governo. Com memórias apagadas, décadas de propaganda enganosa e curto espaço de tempo, não foi possível esclarecer ao eleitor que a oportunidade estava sendo perdida.

Gilberto Clementino
Análise política

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