A Nasa anunciou, na quarta-feira (11), que está concluindo uma avaliação detalhada do voo final do helicóptero Ingenuity Mars, que aconteceu em 18 de janeiro deste ano. As atividades da aeronave foram encerradas após 72 voos sobre Marte, realizados com sucesso nos últimos três anos, após a máquina ter sofrido danos durante o pouso.
O acidente aconteceu quando a equipe do Ingenuity planejou um voo vertical curto para determinar a sua localização após o helicóptero ter realizado um pouso de emergência em seu voo anterior, em 6 de janeiro.
Após ter atingido uma altura de 12 metros, conforme planejado, a aeronave projetou sua descida e, faltando um metro para chegar à superfície, perdeu contato com o rover, que funciona como retransmissor de comunicações para o helicóptero. A comunicação foi reestabelecida no dia seguinte e imagens enviadas à Terra mostraram danos nas hélices rotativas.
A investigação, realizada por engenheiros do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da Nasa, no sul da Califórnia, e da AeroVironment, concluiu que a incapacidade do sistema de navegação do Ingenuity de fornecer dados precisos durante o voo foi a causa provável dos eventos que encerraram a missão.
“Ao conduzir uma investigação de acidente a 100 milhões de milhas de distância, você não tem nenhuma caixa-preta ou testemunha ocular”, diz o primeiro piloto do Ingenuity, Håvard Grip, do JPL, em comunicado. “Embora vários cenários sejam viáveis com os dados disponíveis, temos um que acreditamos ser o mais provável: a falta de textura da superfície deu ao sistema de navegação muito pouca informação para trabalhar.”
O sistema de navegação de visão do helicóptero foi projetado para rastrear características visuais na superfície usando uma câmera voltada para baixo. Essa capacidade de rastreamento foi suficiente para realizar os primeiros voos do Ingenuity, mas, em sua última missão, o helicóptero estava em uma região da cratera Jezero cheia de ondulações de areia íngremes e relativamente sem características.
Segundo a Nasa, um dos principais requisitos do sistema de navegação era fornecer estimativas de velocidade que permitissem ao helicóptero pousar em um pequeno envelope de velocidades verticais e horizontais. Dados enviados durante o voo 72 mostram que, cerca de 20 segundos após a decolagem, o sistema de navegação não conseguiu encontrar características de superfície suficientes para rastrear.
Fotografias tiradas após o voo indicam que esses erros de navegação criaram altas velocidades horizontais no toque e, provavelmente, o forte impacto na inclinação da ondulação da areia fez com que o Ingenuity se inclinasse e rolasse. Consequentemente, as quatro hélices rotativas quebraram devido a uma alta carga gerada pela rápida mudança de altitude, que levou a uma rotação além dos limites do projeto.
As pás danificadas causaram vibração excessiva no sistema de hélices, arrancando o restante de uma pá de sua raiz e gerando uma demanda excessiva de energia que resultou na perda de comunicações.
Ingenuity ainda transmite dados de teste de clima
Segundo a Nasa, apesar do acidente, o helicóptero ainda transmite dados de teste de clima e aviônicos para o rover Perseverance cerca de uma vez por semana. Essas informações podem beneficiar futuros exploradores de Marte, enquanto as informações aviônicas são úteis para engenheiros que trabalham em projetos futuros de aeronaves e outros veículos para o Planeta Vermelho.
“Como o Ingenuity foi projetado para ser acessível, mas, ao mesmo tempo, exigir enormes quantidades de poder computacional, nos tornamos a primeira missão a voar processadores comerciais de celulares prontos para uso no espaço profundo”, disse Teddy Tzanetos, gerente de projeto do Ingenuity. “Estamos agora nos aproximando de quatro anos de operações contínuas, sugerindo que nem tudo precisa ser maior, mais pesado e resistente à radiação para funcionar no ambiente hostil de Marte.”
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