Art. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, (…). (Constituição Brasileira)

 

REUNIÃO PSDB - 22.02.2016 009.MOV_snapshot_00.18_[2016.03.04_11.16.46]

Lula foi conduzido, obrigatoriamente, para prestar depoimento. Na linguagem jurídica, conduzido coercitivamente. Surpresa, assombro, espanto geral para alguns e procedimento normal para muitos, inclusive para os pobres mortais, que “não são exatamente o que se pode chamar de alma viva mais honesta desse mundo”. No primeiro caso, espanto para aqueles que, acometidos por um vínculo emocional, insistem em acreditar na farsa. Certo é que, muitos eleitores que imaginavam um trabalhador humilde tendo a generosa oportunidade concedida pelos eleitores de presidir o país, faria a diferença para melhor. Portanto, diante da necessidade de “mandado de condução coercitiva” para o senhor Luiz Inácio Lula da Silva, algumas reflexões se fazem oportunas. Pelo mundo a notícia correu, mas uma delas veio por meio da chamada de capa do jornal carioca Extra, onde a criatividade da manchete feita pelos jornalistas dividiu o rosto do informativo de modo magistral:

fora PT 002

– Extra: Sábado, 05 de março de 2016.

MP acusaLula abusa do poder – O ex-presidente Lula foi conduzido pela Polícia Federal para depor no inquérito do Petrolão. Por meio de um instituto e de uma empresa de palestras, ele recebeu pelo menos R$ 30 milhões de empreiteiras envolvidas no desvio de recursos da Petrobras”. 36 anos e R$ 30 milhões antes.

fora PT 001

– Extra: Domingo, dia 20 de abril de 1980.

Dops acusaLula enfrenta o poder – O metalúrgico foi preso sob acusação de ameaçar a segurança nacional. Ele será enquadrado nos crimes de incitamento à greve e ofensa a autoridades”.  36 anos e R$ 30 milhões depois.

Uma constatação lamentável para simpatizantes, filiados e eleitores e, até para petistas históricos. É o caso do advogado Hélio Bicudo, 93 anos, um ex-petista. É de sua autoria um dos pedidos de impeachment da “presidenta” Dilma Rousseff. Bicudo, era amigo do ex-presidente Lula, mas por motivos não trazidos a público, deixou o partido e se tornou um crítico feroz do Partido dos Trabalhadores: “O PT nasceu como um partido socialista, criado para atender às necessidades populares”, diz Bicudo. “Ao longo dos anos, passou a ser um partido dos interesses de algumas pessoas que buscam o poder.” O constatou é que inexistia um projeto de nação e sim um projeto de poder pelo poder, por parte de um partido político. Melhor, de perpetuação de poder por uma classe de dirigentes políticos eivada de interesses estranhos, que hodiernamente parecem claros e podem ser entendidos como a formatação de uma cleptocracia no país, como denuncia o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes. E, voltando ao jornal Extra, a matéria deixa uma reflexão sobre 36 atrás. A prisão de Lula, naquela ocasião, se enquadrava no figurino de um operário lutando contra a opressão e exploração, contra a ditadura, buscando justiça social, geração de oportunidades, criação de postos de trabalho, valorização dos trabalhadores, ética, decência, respeito, democracia.

O delinquente Lombrosiano

Tudo faz lembrar, para tristeza, repetição de fatos históricos, uma constante nessa problemática república. Certa feita, reagindo a “insultos” de jornalistas o tresloucado presidente Jânio Quadros “disparou sua metralhadora” e acusou os desafetos de “delinquentes Lombrosianos”. Verdade ou mentira, controvérsias à parte, de forças ocultas a delinquentes o velho tentava explicar o inexplicável. Homem histriônico e de vernáculo apurado, estava fazendo alusão ao criminalista italiano Cesare Lombroso, que defendia a tese de que os criminosos possuíam características (biótipos) muito claras, inatas. Seus estudos antropológicos criminais publicados no livro “L’uomo delinquente” (O Homem Criminoso), apontavam para a possibilidade de que pessoas pudessem nascer “carimbadas”, com o estigma de maléficas, hediondas, bandidas. Dissimuladas o bastante, para através de meios fortuitos enganarem pessoas e buscar seus objetivos encravados no mais profundo de seu íntimo. Mas, não é incrível. Qualquer semelhança poderá ser admitida como mera coincidência.

Síndrome de Estocolmo.

Tenho por hábito a leitura atenta dos colunistas do jornal Tribuna da Imprensa online, versão moderna da antiga Tribuna da Imprensa, Estado do Rio de Janeiro, do jornalista Hélio Fernandes. Deparo, então, com um artigo muito bem redigido pelo colaborador Percival Puggina sob o título “O governo Dilma e a síndrome de Estocolmo”. Aproveito para acoplar à matéria, por oportuno, os governos de Fernando Henrique Cardoso e Lula. O FHC, conhecido por o senhor “Esqueçam o que escrevi” e, Lula, por senhor “Não sei de nada”. Dona Dilma, todos sabem, senhora “Saudando a Mandioca”. Mas, o conteúdo é o seguinte: em dado momento, claro, relembra ao leitor que a denominação Síndrome de Estocolmo, conforme ficou conhecida, se trata de uma espécie de vínculo emocional entre sequestradores e uma jovem sequestrada, por ocasião de um roubo a banco na capital da Suécia, em 1973. Enquanto estado psicológico, a Síndrome de Estocolmo funciona como um batismo, uma digital, um nome dado a um “estado psicológico em que uma pessoa, submetida há um tempo prolongado de intimidação, passa a ter simpatia e até mesmo sentimento de amor ou amizade perante o seu agressor”.

Defende o articulista, que de semelhante comportamento, digo, síndrome, em tese, podem estar sendo acometidos cidadãos brasileiros incautos e abstraídos da realidade, o que admitimos ser um legítimo direito deles. E justifica, com toda razão, que diante de tanta rapinagem perpetrada por componentes do governo, ainda insistem numa defesa suicida e que revela um vínculo emocional com os meliantes, ao ponto de apaixonadamente renegarem provas e decisões judiciais, como se tudo e todos estivessem à caça de seus heróis e “impolutos pares”. Qualquer semelhança entre Lula, Dilma e PT será mera coincidência. Ou não…

Gilberto Clementino
Análise política

Crédito imagens: jornal Extra e revista Veja.

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