No Brasil em 1968, rainha disse que Legislativo tinha como tarefa ‘criar unidade na diversidade’

No Brasil em 1968, rainha disse que Legislativo tinha como tarefa ‘criar unidade na diversidade’

Durante sua única visita ao Brasil, em 1968, a rainha Elizabeth II passou por Brasília. Ela foi recebida no Palácio da Alvorada, pelo então presidente Arthur da Costa e Silva, participou de uma sessão solene no Supremo Tribunal Federal (STF), fez um pronunciamento no Congresso Nacional e foi convidada de honra em um banquete no Palácio Itamaraty.

No discurso na sede do Legislativo, no dia 5 de novembro daquele ano, Elizabeth II, então com 42 anos de idade e 16 de reinado, disse que o Parlamento brasileiro enfrentava “problemas de complexidade e grandeza que poucas nações foram chamadas a resolver” e que cabia àquele Poder “a pesada tarefa de criar unidade na diversidade”. A fala da rainha aconteceu dias antes da publicação do Ato Institucional 5 (AI-5), que definiu o período mais duro da ditadura militar no Brasil.

“O parlamento é o meio através do qual os cidadãos comuns podem influenciar o modo como eles e o país são governados e, por conseguinte, todo Parlamento deve passar por um processo de contínuo reajustamento e renascimento”, afirmou a monarca. Em seguida, ela emendou: “O vosso Legislativo, por conseguinte, enfrenta problemas de complexidade e grandeza que poucas nações foram chamadas a resolver. E de vós depende a pesada tarefa de criar unidade na diversidade”.

No discurso, que está nos arquivos da Câmara dos Deputados, Elizabeth II destacou o que classificou como um dos fatos que mais a impressionou a respeito do Brasil: o patriotismo e a unidade do povo brasileiro.

“Nisto tendes uma profunda fonte de força. Além disso, o Brasil conseguiu, e nisto deu um exemplo ao mundo, demonstrar que povos de numerosas raças podem viver e trabalhar juntos na persecução de objetivos comuns.”

Ainda durante sua fala, a rainha destacou também que o Brasil não era “apenas vasto”, “mas, dentro de suas fronteiras, são muito grandes as diferenças regionais: geográficas, étnicas e econômicas”.

Naquele momento, em que o Brasil estava prestes a entrar em um longo período de regime de exceção, Elizabeth II disse que “todos os países têm os seus próprios objetivos internos, mas acredito que todas as nações livres e progressistas compartilham de necessidade de criar uma ordem e um sistema internacional dentro dos quais a sociedade possa agir segundo padrões civilizados”. Segundo a monarca, “o mais difícil de todos os problemas mundiais” era descobrir “como as nações podem viver em harmonia”.

“O Brasil, com suas tradições liberais, sua tolerância e a profunda humanidade de seu povo, pode certamente dar uma notável contribuição particular”, afirmou Elizabeth II.

A passagem da monarca britânica pelo Brasil durou 11 dias — de 1º a 11 de novembro de 1968. No dia seguinte ao discurso no Congresso Nacional, a rainha, acompanhada pelo marido, o príncipe Philip, Duque de Edimburgo, visitou um jardim de infância na Superquadra 308 Sul, conheceu a Catedral Metropolitana e a Embaixada do Reino Unido.

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