Não é novidade para os brasileiros os pronunciamentos públicos (ou privados, que vazam) desconexos da presidente Dilma Rousseff, que denotam precisar a chefe de Estado e de Governo de algum tratamento para sua dificuldade na leitura, escrita ou soletração, reconhecidamente características da dislexia, por exemplo, embora exista sempre um “ghost writer” à sua disposição, que habita as antessalas do poder desde tempos imemoriais.
Os discursos cada vez mais ininteligíveis grassam a assombrar, confundir e desestimular num momento em que precisamos de clareza e orientações precisas sobre como sair do fundo do poço da crise fiscal, econômica e moral, onde seu governo e o de seus antecessores enfiaram o país, tão logo se verificou a saída do presidente Itamar Franco, o verdadeiro responsável pelo bem sucedido Plano Real.
De bom alvitre lembrar, não fosse o processo de reeleição criado e pago à vista pelo egocêntrico Fernando Henrique Cardoso, mantido pelo populista Luiz Inácio Lula da Silva com apoio de um inerte e coorporativo Congresso Nacional, poderia e pode a população se referir aos três no pretérito, oportunistas aos quais não teríamos de suportar por mais de quatro anos. Entretanto, após oito de FHC, oito de Lula, estamos no governo de horrores perpetrado por Dilma Rousseff.
De “esqueçam o que escrevi”, “nunca antes na história desse país”, “não sei de nada”, “quero saudar a mandioca” e outras sandices, chegamos ao fundo do poço, com desemprego, saúde e educação precária, inflação, déficit fiscal, rebaixamento de agências na confiança internacional, queda de IDH, aumento de impostos e por aí vai.
Quando as tolices são ditas “internas corporis” nacional, mesmo considerando a tecnologia e o mundo globalizado, diante do ranço nostálgico, podemos aceitar que o besteirol fique entre “as quatro paredes”. O diabo é que, além de “trôpega ao andar” no diálogo democrático, ainda tem coragem para mentir sobre diagnósticos e ações “externa corporis”. É o que aconteceu na Organização das Nações Unidas. E a ONU é uma tribuna em que pronunciamentos reverberam no mundo, impulsionados pela internet, onde correm rápido e se espalham como o “rastilho de pólvora”.
O jornal britânico “Financial Times”, sem delongas, cuidou de examinar a grotesca performance da presidente brasileira. E performance, por mais incrível que seja, vem do verbo em inglês “to perform” que significa realizar, completar, executar, efetivar, ou seja, se relaciona com feito, desempenho. Não foi longe e a denominou a presidente Dilma Rousseff como “uma tecnocrata taciturna”.
De uma coisa estamos certos, o veículo jornalístico inglês foi benevolente e a língua portuguesa é cheia de mistérios e de difícil compreensão. Considerando que tecnocrata busca soluções técnicas para resolver problemas, sempre de modo racional, sem levar em conta aspectos humanos e sociais e, ainda, que em sua raiz o vocábulo taciturno se refere àquele que fala pouco e anda calado, triste, os britânicos, se atentos, deveriam reformular sua constatação e o consignado em seu jornal, pois estão pensando que a coisa aqui é séria.
E verdade seja dita. Ninguém está procurando soluções para resolver os problemas dos brasileiros, de modo geral e racional, tão pouco, ficam calados ou tristes por algum desconforto. O que está em jogo é uma imensa troca de favores, o denominado “toma lá dá cá”, para perpetuação do “status quo” no poder. E justamente por isso a população, desanimada, se aproxima de uma conclusão, tristemente sussurrada aqui e acolá: a presidente Dilma Rousseff está, com todo o respeito ao tratamento do jornal inglês, “mais perdida que cega em tiroteio”.
Gilberto Clementino dos Santos
Análise Política