“Se eu não fosse imperador, desejaria ser professor. Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro”. (Pedro II do Brasil)
Uma entrevista onde um grande brasileiro fala com conhecimento sobre o país e não deixa dúvidas sobre o diagnóstico dos problemas. Aponta saída que o sistema republicano não consegue ou não quer enxergar, apesar de possuir uma máquina de arrecadação voraz, que espolia a população e enche seus cofres de dinheiro, diante de gestões desastrosas e que levam o Brasil para o atraso, retardando sua vocação para liderança continental e inspiração mundial. O príncipe Dom Bertrand fala com conhecimento e sabedoria sobre o país, numa entrevista à TV Brasil. Trata dos assuntos polêmicos que os candidatos destas eleições se abstiveram como o aborto, a reforma agrária e o Programa Nacional de Direitos Humanos, PNDH-3. É importante que a população brasileira saiba que os membros da Casa Imperial Brasileira participam ativamente dos acontecimentos nacionais e procuram ajudar com suas sugestões em debates claros e objetivos sobre a construção de melhores dias para o país. O príncipe começa abordando o tema “paz no campo” por meio da reforma agrária, tratada com tanto desdém pelos políticos e praticamente ignorada pelos partidos políticos.
A entrevista é de 2010. O destaque nesta matéria é a capacidade do príncipe em sua análise, abordando tema considerado antipático pelos políticos. Afinal, a família real não é filiada a nenhum partido político e não defende “supostos” programas estatutários de nenhum deles. Ele revela que o programa da reforma agrária brasileira é o maior fracasso de nossa história. Fala sobre a agricultura perene e florestas plantadas. O príncipe nasceu no exílio no sul da França e foi criado numa fazenda no Estado Paraná, propriedade da família real. Defendeu três princípios básicos para a sanidade socioeconômica da nação e, consequentemente, paz no campo: a livre iniciativa, a propriedade privada e o princípio da subsidiariedade.
Não podemos inibir a capacidade criativa de um povo, devemos defender a propriedade. Seja livre e dono de seu trabalho. Aqui, lembra a defesa mais simples, curta e cristalina, do que significa propriedade feita pelo papa Leão XIII: “trabalho acumulado”. “Se não sou dono do fruto de meu trabalho sou um escravo do Estado”, afirmou o príncipe. Simplificando a realidade nacional: é preciso que tenha eficácia a gestão municipal, estadual e federal. O que o “todo orgânico” que compõe o município só deveria fazer aquilo for capaz de fazer; o estado só faria o que o conjunto das famílias e municípios não fosse capaz de fazer e, finalmente, restaria a União, que só deveria fazer o que o conjunto das famílias (municípios) e estados não fossem capazes de fazer, o que “deixaria a União, no topo da pirâmide, pequeno, leve, ágil, capaz de indicar as grandes produções para a Nação, capaz de dar os grandes rumos”.
O princípio da subsidiariedade mencionado pelo príncipe seria aquele, por analogia, como no direito penal, onde cabe resolver determinado conflito se nenhum outro meio civil foi ou é capaz de saná-lo. Alerta que, no Brasil nós temos uma pirâmide exatamente ao contrário, de cabeça para baixo, hipertrofiado, que sangra os estados, escorcha os municípios e depenam as famílias. “Nós temos a maior carga tributária do país. São 40%, praticamente do BIP, são impostos”. “Se for considerar o serviço que o estado promete dar, mais multas, loterias, etc., taxas, etc., pega praticamente 60%, nós somos 60% escravos do estado”. “O PNDH é um plano perfeitamente socialista”, para o príncipe Bertrand. E a gente fica a pensar que o país está entregue a um bando de oportunistas, de “esqueçam o que escrevi”, “não sei de nada” ou “saudação à mandioca”. E pensar que Dom Bertrand com sua entrevista provoca lembranças de um Brasil que estava no rumo certo, com um imperador que simplesmente dizia: “Se eu não fosse imperador, desejaria ser professor. Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro”.
Gilberto Clementino dos Santos
Análise política