A rainha Elizabeth morreu nesta quinta-feira (8) aos 96 anos de idade, com o filho Charles 3º sucedendo-a como rei. Repleta de tradições, a passagem de trono se dá em alguns passos. Antes de mais nada, Charles assume o trono imediatamente após a morte da monarca. Um Conselho de Ascensão é convocado o mais rápido possível, geralmente dentro de 24 horas, e realizado no Palácio de St. James, a residência oficial do soberano, para proclamar o sucessor.
O conselho é formado por Conselheiros Privados que têm aconselhado monarcas britânicos desde a era normanda. Ele atualmente é composto de cerca de 670 políticos de alto escalão, entre eles a primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss.
Também estão presentes os Lordes Espirituais e Temporais — bispos da Igreja Anglicana que têm assento na Câmara dos Lordes, incluindo o Arcebispo de Cantuária, juntamente com os pares seculares do reino. O Lorde Prefeito de Londres, altos funcionários e altos comissários dos outros 14 reinos que têm o monarca britânico como chefe de Estado também têm assento no Conselho, cujo presidente é atualmente a parlamentar Penny Mordaunt.
Todos os Conselheiros Privados serão convidados, mas nem todos poderão comparecer em cima da hora. Em 1952, após a morte de George 6º, 191 membros participaram do Conselho de Ascensão de Elizabeth.
Parte 1
O Lorde Presidente anuncia a morte da monarca, e o escrivão do conselho, Richard Tilbrook, lê em voz alta o texto da Proclamação de Ascensão.
O chamado partido plataforma, que inclui membros da família real presentes, a primeira-ministra, o Arcebispo de Cantuária e o Conde Marechal — o duque de Norfolk, Edward Fitzalan-Howard, membro principal da nobreza que é responsável pela organização das cerimônias estatais —, assina a proclamação.
Uma vez assinada, o Lorde Presidente pede silêncio, e o Conselho trata de assuntos remanescentes, como a divulgação da proclamação e instruções para o disparo de armas de artilharia no Hyde Park e na Torre de Londres.
Após a Parte 1 do Conselho, a proclamação é lida da Galeria da Proclamação, uma varanda no Palácio de St. James, pelo Rei da Jarreteira de Armas, atualmente David White, o arauto sênior na Inglaterra, cujo papel cerimonial prevê um salário anual de 49 libras (mais de R$ 293), fixado na década de 1830.
Ele é acompanhado pelo Conde Marechal e outros oficiais vestindo trajes tradicionais.
A proclamação é acompanhada por saudações de armas e viagens dos arautos à Mansion House, na cidade de Londres, onde é lida no Royal Exchange. A proclamação é lida publicamente nas outras capitais do Reino Unido — Edimburgo, Belfast e Cardiff — e em outros locais.
Parte 2
A Parte 2 do Conselho de Ascensão é realizada pelo novo soberano, mas nem sempre segue imediatamente após a Parte 1. Apenas os Conselheiros Privados participam dela, e ela começa com uma declaração pessoal de Charles relacionada à morte da rainha.
Ele faz então um juramento relativo à segurança da Igreja da Escócia, como exigido pelo ato de 1707 pelo qual a Escócia se uniu à Inglaterra e ao País de Gales para formar o Reino Unido. Isso tem sido feito por todos os soberanos em ascensão desde 1714.
“Eu, Charles 3º, pela graça de Deus do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte e de meus outros Reinos e Territórios Rei, Defensor da Fé, prometo e juro fielmente que manterei e preservarei inviolavelmente o acordo da verdadeira religião protestante, como estabelecido pelas leis feitas na Escócia em prossecução da Reivindicação de Direito e particularmente por uma lei intitulada ‘Ato para Assegurar a Religião Protestante e o Governo da Igreja Presbiteriana’ e pelas leis aprovadas no Parlamento de ambos os Reinos para a união dos dois Reinos, juntamente com o Governo, Adoração, Disciplina, Direitos e Privilégios da Igreja da Escócia. E que Deus me ajude.”
O novo monarca assina então duas cópias do juramento e é formalmente proclamado rei do Reino Unido.