Teu dever é lutar pelo Direito, mas se um dia encontrares o Direito em conflito com a Justiça, luta pela Justiça (Eduardo Juan Couture)

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Ministro do Supremo Tribunal Federal determina a soltura do senador Delcídio do Amaral. Não há dúvida de que o ordenamento jurídico contempla a ação, tendo em vista os ritos admissíveis em situações análogas. Entretanto, a sensação que se tem é que a população não entende a celeridade com que se abrem as portas das prisões para aqueles cuja privação de liberdade parecia tão cheia de argumentos. Destarte, o país segue em sua caminhada em direção ao sarcasmo maior diante das agruras da população, descrente de suas instituições e a cada dia mais revoltada com a aplicabilidade do sistema jurídico nacional.  O senador foi preso no dia 25 de novembro pela Polícia Federal sob suspeita de tramar contra a Operação Lava-Jato. Naquela ocasião, o Correio Braziliense estampou: “O procurador-geral da República Rodrigo Janot chamou o senador Delcídio Amaral (PT/MS) de ‘agente criminoso’. Em manifestação enviada na semana passada ao Supremo Tribunal Federal, na qual pediu a permanência na prisão do ex-líder do Governo no Senado, o chefe do Ministério Público Federal sustentou que Delcídio “se trata de agente que não mede as consequências de suas ações para atingir seus fins espúrios e ilícitos”. Os argumentos de Janot foram acolhidos no último dia 17 pelo ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava-Jato no STF, que manteve de pé o decreto de prisão preventiva do senador”.

Conta-se de tempos em tempos, para deleite de todos a piada sob o título “Rui Barbosa e o Ladrão de galinhas”: Certa vez, um ladrão foi roubar galinhas justamente na casa do escritor Rui Barbosa. O ladrão pulou o muro, e cercou as galinhas. Naquele alvoroço, Rui Barbosa acordou de seu profundo sono, e se dirigiu até o galinheiro. Lá chegando, vu o ladrão já com uma de suas galinhas, disse:

  • Não é pelo bico-de-bípede, nem pelo valor intrínseco do galináceo; mas por ousares transpor os umbrais de minha residência. Se for por mera ignorância, perdoo-te. Mas se for para abusar de minha alma prosopopeia, juro-te pelos tacões metabólicos de meus calçados, que dar-te-ei tamanha bordoada, que transformarei sua massa encefálica, em cinzas cadavéricas. O ladrão todo sem graça se virou e disse:
  • Cumé seu Rui, posso levar a galinha ou não?

Certamente, se a notícia chega às repartições policiais, em tempos pretéritos ou hodiernos, todo rigor ao ladrão de galinha.  Ah, sim, o senador Delcídio do Amaral? Ah, tá, seu crime parece de menor importância, perdendo para o infrator do bico-de-bípede, não merecendo, portanto, tacões metabólicos de calçados em seus glúteos ou bordoada em sua massa encefálica para sua transformação em cinzas cadavéricas.

Gilberto Clementino
Análise política

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Redação Mídia Livre de Notícias
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