Uma medida mostra claramente o quanto o Brasil está atrasado na vacinação. O mundo já tem mais vacinados que infectados, mas no Brasil o número de vacinados é de apenas um terço do total de infectados. A conta é assim: o número de pessoas vacinadas contra a Covid-19 em todo o mundo chegou ontem a 104 milhões, ultrapassando o total de casos confirmados até ontem que era 103 milhões, conforme a coluna mostrou. Já no Brasil, são mais de 9,3 milhões de infectados enquanto o total dos que receberam a vacina é de 2,7 milhões de pessoas. ou seja, 29,62% do números de acometidos pela Covid-19.
Fazendo uma comparação com a população total do país, o dado é ainda pior: representa só 1,31% dos brasileiros, de acordo com o consórcio de veículos de imprensa. E se compararmos a quantidade de vacinados no Brasil e no mundo, foram imunizados apenas 2,66% da população.
Esses dados só reforçam o quanto o Brasil vem pagando pela falta de planejamento do governo federal, que começou com o presidente Jair Bolsonaro dizendo que a Covid-19 era apenas uma “gripezinha”. Depois de negar a gravidade da pandemia, incentivar aglomerações e não dar o exemplo usando máscaras protetivas, Bolsonaro ainda deu várias declarações irresponsáveis sobre a vacina.
Ironizou a CoronaVac, produzida pelo instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac, dizendo que quem tomasse a vacina poderia virar um “jacaré”, ou passar a “nascer barba em mulher” e homem começar a “falar fino”.
Aliás, as constantes grosserias direcionadas à China por parte do próprio Bolsonaro, de seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, e do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, acabaram gerando consequências sérias para o Brasil. Magoada, o país asiático atrasou a liberação da compra de insumos necessários para a fabricação da vacina, acarretando em mais demora na imunização da população. Felizmente, o IFA da Fiocruz começa a chegar no sábado, e hoje desembarcou no Brasil o segundo lote da matéria prima do Butantan.
Depois de toda a confusão, Bolsonaro ainda tentou disputar com o governador de São Paulo, João Doria, o protagonismo pela CoronaVac. A preocupação do presidente é o ganho político que Doria conseguiu capitanear com a produção da vacina pelo Instituto Butantan, chancelando seu passaporte para 2022.
Enquanto isso, a sociedade vai tentando sobreviver em meio à maior crise sanitária dos últimos tempos, enfrentando o desemprego, o fim do auxílio emergencial, e sobretudo, sendo guiada por um presidente desmedido e inconsequente.