O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais. (Bertolt Brecht)
E o folclore continua. Contam que num daqueles inflamados discursos na tribuna da Câmara Municipal, justiça se faça, não era a de Vila Velha, determinado vereador em debate sobre importante matéria macroeconômica pediu aparte:
– O querido e nobre “edil” não sabe do que está falando.
O vereador,apartado, reagiu duramente:
– Me respeite Vossa Excelência, pois sabe muito bem que meu nome não é Edil. Está tentando me humilhar.
Mas, vamos tirar por menos e esquecer o folclore. O certo é que, desde sempre, existiram escolas e fontes de pesquisa, mas, claro, não existia internet e seus “sites” de busca. Hoje, lógico, com apenas alguns cliques todos podem acessar “google” e “Wikipédia”, por exemplo, encontrando o significado de palavras e evitando “pagar mico”, o que poderia salvar o orador.
Que situação… o vereador e sua comparação histórica com “edis”, da Roma Antiga (encarregados da preservação da cidade, da polícia, dos mercados, da jurisdição civil contenciosa), que tinham atribuições semelhantes aos vereadores atuais que, em tese, zelam pelo sossego e bem-estar dos munícipes, como sentinelas ou guardiões da comunidade e das leis.
Folclore à parte, não tão triste, mas também embaraçoso é o comportamento dos vereadores da Câmara Municipal de Vila Velha. A população constata no dia a dia a prefeitura faz pouco nos bairros, centrando suas atividades naqueles que dão maior visibilidade. Os vereadores? Sinceramente, pouco ou nada fazem. No primeiro caso é fácil comprovar pelo valor que se paga de IPTU, dentre outros serviços e taxas, que também foram aumentados nos carnês de 2015 e cujas “entregas” sofríveis mostram o grande prejuízo e atraso para o município. Logo, sem a presença do verdadeiro de “choque de gestão” a população, incrédula, cai em desânimo e sofre o “choque de desespero”.
No segundo caso muitas curiosidades desagradáveis. Onde estão os projetos dos 17 vereadores, suas indicações e requerimentos prioritários, necessários e urgentes? Ninguém sabe ninguém viu. E ocorre algo interessante. Como sempre, começamos a notar comportamentos reconhecidamente eleitoreiros. Nas redes sociais se esboçam manifestações, ainda tímidas, de vereadores em relação ao prefeito. Digo tímidas, pois falta pouco mais de um ano para as eleições. Desde que assumiu o cargo o prefeito foi bajulado, paparicado, pelos nobres vereadores. O que mandou para a Câmara Municipal foi aprovado e nunca houve uma discordância dura, com cobranças fundamentadas.Existem exceções? Claro, mas volto a dizer tímidas, muito tímidas.
Em alguns momentos ficam revoltados, mas apenas murmuram pelos corredores da Câmara, na conhecida “rádio corredor” não se expondo para garantir seus laços amigáveis e atendimento às suas demandas eleitorais. O que não se entende é a razão dos melindres de suas excelências, que sentem extrema dificuldade em se contrapor ao Poder Executivo. Ora, a Constituição Federal garante a inviolabilidade por suas opiniões, palavras e votos no exercício do mandato e na circunscrição do seu município. Por que o medo?
Mas, nem tudo está perdido. Confiantes na memória curta da população quanto mais se aproximam as eleições em 2016, eles vão “saindo da toca”, ainda meio tímidos, para apontar o óbvio e criticar o que a população está cansada de saber. Continuam achando que os eleitores são idiotas e desmemoriados.
Gilberto Clementino
Análise política