Certamente você já ouviu alguém dizer que a vida começa aos 40. Mas será que ela para logo depois, aos 60 anos de idade? A resposta a esta pergunta é negativa. Nos bailes, os idosos se mostram, namoram, troam de namorado e os que tem a chance de encontrar pela segunda, terceira ou quarta vez sua alma gêmea nesta vida acabam se casando.
Entre eles estão T. C. A.76 anos e I. N. C.72 anos, que enviuvaram e tomaram rumos diferentes. T. ficou em casa, cuidando da família e esperando um novo amor. Foi em um dos bailes que se conheceram. “Falei para uma amiga que gostaria de me casar novamente e ela me respondeu que me apresentaria a um viúvo supimpa”, disse. Dito e feito. T. e I. namoraram durante um ano e já estão casados a mais de 3 meses.
“Foi o casamento dos meus sonhos. Entrei na igreja de longo cor de rosa e chapéu. Tivemos uma festa maravilhosa e temos como recordação um álbum com 300 fotografias”, contou. Eles se derretem em elogios, acreditando terem nascido um para o outro.
“Não sou de namoro”. A declaração é da viúva M. C. 81 anos que, apesar do pudor, é muito animada. Se por um lado não quer saber de novos parceiros (ela se casou duas vezes e teve cinco filhos), por outro, não recusa um convite para dançar. “Alguém para me conquistar tem que ser muito do meu agrado. Não aconteceu ainda”, argumenta a pé-de-valsa, que diz ser muito assediada. “Durante as paqueras, eles falam que sou muito bonita e simpática”.
Em contrapartida, existem ainda idosos que não concordam com os relacionamentos na terceira idade. A. S., viúva, não acha agradável sair na rua ao lado de alguém que não seja seu marido. “As pessoas podem comentar”, afirma.
Vários idosos atualmente suam a camisa para se manterem em forma. Fazem ginástica diariamente e encontram no trabalho voluntário uma forma prazerosa de se sentir útil.
“Todas as atividades têm como objetivo elevar a auto estima dos idosos, que durante uma vida inteira sofreram com a depressão e tornaram-se pessoas passivas. Frequentando reuniões, bailes e palestras, eles desenvolvem sua postura crítica. Esta ousadia pode estar contribuindo para que estes idosos se encontrem abertos a novos relacionamentos”, relata a assistente social, Magda Cristina Ferreira.
Num relacionamento de terceira idade, o Viagra, que é um componente sexual fia a parte. O desejo mantém-se vivo após seis, sete, oito décadas de vida, se isto, logicamente, for imprescindível à pessoa. “A sexualidade é um termômetro da forma de ser. Se alguém é aberto para o sexo, também será para outros aspectos da vida”, atesta a ginecologista e sexóloga Yara Fernandes. Assim, a vida sexual de um casal da terceira idade pode ser plena e feliz se eles conseguirem encarar a velhice e o ato sexual a partir dos 50 anos. Vasos sanguíneos, nervos, musculatura vão sendo afetados. Perdem a elasticidade e a circulação do sangue no organismo não flui tão naturalmente.
Tudo isto vem afirmar que não é o desejo que acaba e sim a vontade de procurar o sexo. Durante as últimas décadas, a ciência confirmou a suspeita fisiológica de que o sexo faz bem. Uma boa resposta sexual favorece todas as outras áreas de atuação humana, como trabalho, relacionamento familiar e com os amigos, além da criatividade. E isto continua vigorando entre os que têm mais de 50.
Se o idoso entrou na terceira idade, ciente das modificações orgânicas que ele sofrerá, ele tem pouco com que se preocupar. Embora o fôlego não seja o mesmo, o desejo depende mais da saúde mental, fantasia, e alegria de viver, que da musculatura enrijecida.
Por Maryhanderson Ramos Ovil
Jornalista
Jornal Metrópole