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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Após uma manifestação dos moradores dos bairros de Santa Cecília e Campos Elísios fecharem o tráfego no Minhocão em protesto contra nova localização da cracolândia, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) foi até a região para conversar com o grupo.

O encontro aconteceu na noite desta quarta-feira (25) dentro do 77º Distrito Policial, na alameda Glete, do lado do local onde estão atualmente os dependentes químicos no centro de São Paulo.

O clima da conversa foi de muita cobrança, com os moradores perguntando se o prefeito sabia quanto tempo o fluxo —como é chamada a concentração dos usuários de drogas— continuaria no local e se havia algum plano para acabar com a situação.

Nunes não tinha essas respostas, mas afirmou que não houve aumento do número de ocorrências de roubos na região após a fixação da cracolândia. Os moradores contestaram a informação e insistiram que os casos aumentaram. Não há dados oficiais disponíveis ainda sobre as ocorrências na região no último mês.

Charles Souza, porta-voz do grupo, cobrou apoio da prefeitura aos moradores. Ele pediu que seja realizada limpeza das ruas duas vezes por dia e seja fornecido apoio psicológico a quem mora na região e tem sofrido com a situação —alguns deixaram de sair de casa, inclusive.

“Nós temos idosos presos, pessoas com síndrome do pânico, pessoas que estão desencadeando problemas psicológicos e psiquiátricos com essa situação. Uma moradora se trancou dentro do apartamento e põe um baldinho pela janela para pegar as coisas que compra. Ela está com medo de sair de casa, está refém”, conta Souza.

Ricardo Nunes afirmou que as equipes de assistência social farão esse trabalho e disse que a prefeitura está do mesmo lado dos moradores.

“Estou aqui para demonstrar à população que o poder público está presente, preocupado, buscando uma solução. A gente não deixa de reconhecer quais são os problemas dessa cidade. Desde prender os traficantes e auxiliar os dependentes até os moradores. Hoje um dos maiores problemas que enfrento na cidade é este. Então, tem de fazer com determinação”, falou Nunes.

Ele também disse que a conversa com os moradores o ajudou a perceber as necessidades mais urgentes, como a questão da limpeza. “Eles estão incomodados porque têm o seu acesso bloqueado e as pessoas acabam fazendo muita sujeira na frente da sua porta, mas deram apoio total à ação da Polícia Militar, da Polícia Civil, do governo do estado, da prefeitura, da GCM”, disse o prefeito.

“São etapas, são fases. Sabíamos desde o começo que é algo [a situação da cracolândia] que não ia ser resolvido num passe de mágica, em pouco tempo. Começou em junho do ano passado, não completou um ano ainda, mas já tem esse sucesso de diminuir o número de pessoas. Antes eram 4.000 e hoje são cerca de 800”, comentou.

“É um trabalho muito importante de combate aos traficantes. Se pegar todas as operações de prisão, não teve nenhum incidente, não teve uma troca de tiro, não teve uma pessoa machucada. O trabalho da assistência social sempre em conjunto, da saúde sempre em conjunto. Só quem não quer enxergar não pode reconhecer que a ação até aqui foi bem-sucedida. Você ter tirado da rua 107 traficantes é muito relevante. São 107 vendedores de drogas, e tem mais 32 com mandado de prisão ativo. Então, é um trabalho contínuo.”

Apesar das falas do prefeito, moradores disseram seguir insatisfeitos com a situação. Eles disseram que desejam participar das decisões a respeito da cracolândia.

“A solução não é tirar de um lugar e colocar em outro, a solução não é só reprimir o tráfico. O tráfico não deveria nem existir, mas se o Estado deixou acontecer, cabe a ele dar uma solução, e uma solução completa. O que a gente vê é a conversa de internação compulsória. Só que não é só isso que vai resolver. Eles falam que copiaram estratégias do primeiro mundo, mas não copiaram as leis. Vai chegar uma hora que o próprio Ministério Público vai falar: não vai fazer mais. Aí a gente fica mais 20, 30 anos”, disse Charles Souza.

“Temos de sentar todos na mesa redonda para discutir e tentar resolver o problema. Se temos de forçar o Ministério Público, vamos forçar. Se temos de provocar Brasília para criar leis mais duras, vamos provocar. Mas não vamos parar, não vamos nos calar. Todos têm que entender que nós também somos vítimas”, completou.

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