O Ministério Público Federal (MPF) pediu nesta terça-feira (5) a prisão preventiva do empresário Ronan Maria Pinto e do ex-secretário-geral do Partido dos Trabalhadores Sílvio Pereira. Ambos foram detidos em caráter temporário, na sexta-feira (1º), quando a Polícia Federal deflagrou a 27ª fase da Operação Lava Jato, que recebeu o nome de “Carbono 14”.
O prazo das duas prisões se encerra nesta terça-feira. Além da conversão no regime das prisões, o MPF também pediu a quebra dos sigilos bancário e fiscal do filho de Ronan, dono de uma offshore, em Miami, nos Estados Unidos. Caso o juiz Sérgio Moro aceite o pedido, eles podem ficar detidos até o julgamento de um eventual processo contra os dois.
Ambos são apontados pelo MPF como beneficiários de valores desviados dos esquemas de propina descobertos pela Operação Lava Jato. Ronan, segundo as investigações, teria recebido R$ 6 milhões, em troca da não publicação de supostas informações que ligariam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os ex-ministros José Dirceu e Gilberto Carvalho à morte do ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT).
As investigações apontaram indícios de que Ronan conseguiu o dinheiro ameaçando publicar as informações no jornal Diário do Grande ABC, do qual é dono. A quantia que recebeu, conforme o MPF, foi repassada por meio de um empréstimo feito pelo pecuarista José Carlos Bumlai, junto ao Banco Schahin.
Bumlai reconheceu em depoimento que fez um empréstimo de R$ 12 milhões a pedido do PT e disse que a quantia nunca foi paga ao banco. O dinheiro seria para pagar dívidas de campanha. O MPF diz que a dívida do pecuarista foi, na verdade, um pagamento de propina da Schahin, cuja empresa de engenharia pertecente ao grupo fechou um contrato no valor de US,1,6 bilhão para o aluguel de navios-sonda para a Petrobras.
Do montante do empréstimo, metade foi repassada à empresa Remar e que, posteriormente, teria chegado a Ronan Maria Pinto. O MPF sustenta que essa intermediação foi feita para garantir que os recursos não fossem encaminhados diretamente ao empresário.
Ronan nega que tenha feito algum tipo de chantagem. Em depoimento prestado à Polícia Federal na segunda-feira (4), o empresário disse que, de fato, pegou R$ 6 milhões da Remar, mas afirmou que o dinheiro era para pagar a compra de uma nova frota para a empresa de ônibus da qual também é proprietário.
Sílvio Pereira
A questão envolvendo o ex-secretário-geral do PT também passa pelo suposto esquema de chantagem. Ele é suspeito de ter sido o principal intermediador entre Ronan Maria Pinto e o PT.
No entanto, sobre ele, também recaem suspeitas de que teria recebido dinheiro de empresas investigadas na Lava Jato, para não contar o que sabia sobre os esquemas de desvios da Petrobras. Sílvio Pereira foi um dos responsáveis por atuar nas indicações de pessoas para cargos de confiança no primeiro mandato de Lula na Presidência.
Conforme as investigações, há indícios de que ele tenha recebido pelo menos R$ 1,6 milhão de empreiteiras investigadas na Lava Jato. Os procuradores dizem que não há indicações de serviços que ele possa ter prestado a elas para receber a quantia.
O ex-secretário-geral do PT também prestou depoimento na segunda-feira e negou as acusações. Ele disse à Polícia Federal que nunca participou de qualquer negociação envolvendo Ronan Maria Pinto e o Partido dos Trabalhadores. Em relação aos valores recebidos das empreiteiras, ele afirmou que trabalha como cozinheiro, desde que deixou as atividades no partido e que vendeu cestas de Natal a elas.
Fonte: G1