Novo smartphone chinês da Huawei enfrenta iOS e Android

O novo smartphone da Huawei, revelado no final de novembro, tem um software totalmente desenvolvido pela marca — cujo objetivo é dar aos usuários uma alternativa ao Android do Google ou ao iOS da Apple.

O desenvolvimento do sistema interno representa mais um esforço da gigante chinesa de tecnologia para se defender contra possíveis sanções adicionais de Washington.

O novo smartphone Mate 70, com preço inicial de 5.499 yuans (cerca de R$ 4.650), apresenta o sistema operacional HarmonyOS Next, que não suporta mais aplicativos baseados em Android.

Ele é apresentado como uma tecnologia puro-sangue desenvolvida exclusivamente pelos engenheiros da Huawei.

“Este é o nosso telefone mais poderoso [da série Mate]”, disse Richard Yu, diretor executivo da Huawei, durante o evento de lançamento do celular. “Sempre fomos copiados, mas nunca superados.”

A partir de 2025, todos os novos telefones e tablets da Huawei rodarão com o sistema operacional próprio, ele acrescentou.

O Mate 70 é o sucessor da série Mate 60 do ano passado, que chocou especialistas da indústria que não conseguiam entender como a empresa poderia ter a tecnologia para fabricar um chip avançado após os esforços abrangentes dos Estados Unidos para restringir o acesso da China à tecnologia estrangeira de semicondutores.

O Mate 70 “representa um passo crítico” na evolução do software da Huawei, disse Lucas Zhong, analista de pesquisa da Canalys, à CNN.

A mudança do ecossistema Android “será essencial para a Huawei manter o ímpeto no segmento premium, solidificar a fidelidade do consumidor e atrair potenciais usuários que mudam de plataforma”, disse ele.

Essa mudança foi possível com o lançamento do Mate 60 Pro em agosto de 2023, que rapidamente se tornou um símbolo da rivalidade tecnológica entre os EUA e a China. Também reavivou o interesse nas ofertas de smartphones de ponta da Huawei.

De acordo com a Canalys, a participação da Huawei no mercado chinês de telefones que custam mais de US$ 600 (cerca de R$ 3.650) cresceu de 11% no terceiro trimestre de 2022 para 33% no mesmo período deste ano, em uma reversão notável da sorte para a empresa.

No mesmo período, a participação da Apple no mesmo mercado de ponta caiu de 72% para 52%.

A Huawei, antiga segunda maior fabricante de smartphones do mundo, vinha lutando pela sobrevivência desde que foi atingida pelas restrições de exportação dos EUA em 2019.

Os problemas da empresa a forçaram a vender sua marca de celulares baratos, Honor, deixando-a em péssima situação.

Divórcio do Android

A primeira versão do HarmonyOS, que suportava aplicativos baseados em Android, foi lançada em agosto de 2019, meses depois de a Huawei ter sido colocada em uma lista negativa comercial dos EUA, que proibia empresas americanas de venderem tecnologia e software para a empresa chinesa sem uma licença.

Essa proibição impediu que empresas como o Google fornecessem novos dispositivos Huawei com sua versão do sistema operacional Android.

Mas, ao longo dos anos, a Huawei investiu seus recursos no desenvolvimento do que chamou de uma plataforma totalmente doméstica para rivalizar com os padrões ocidentais.

Grandes empresas de tecnologia chinesas supostamente embarcaram no projeto da marca, contratando desenvolvedores para criar aplicativos compatíveis.

“Quando migrarmos… dezenas de milhares de outros aplicativos do ecossistema Android para o HarmonyOS, nosso HarmonyOS será realmente construído e se tornará o terceiro sistema operacional móvel do mundo, além do iOS da Apple e do Android do Google”, disse Eric Xu, então presidente rotativo da Huawei, em abril, de acordo com uma publicação na conta oficial da empresa no WeChat.

“Primeiro, construiremos o ecossistema de aplicativos HarmonyOS com base no mercado chinês e, em seguida, o promoveremos país por país no futuro e, gradualmente, o promoveremos para o mundo.”

Xu disse que a Huawei estava mirando em 100 mil aplicativos a serem desenvolvidos para seu sistema operacional ao longo do próximo ano. Ele disse que era crucial ter um grande número de aplicativos e dispositivos.

“Se ninguém o usar, não importa quão avançado seja o sistema operacional, ele não terá valor”, disse ele, de acordo com uma postagem no Wechat .

Mengmeng Zhang, analista sênior da Counterpoint Research, disse que esperava que a série Mate 70 alcançasse mais de 10 milhões de remessas ao longo de sua vida útil, acrescentando: “Levará tempo para a Huawei expandir a comunidade de desenvolvedores e estabelecer um ecossistema competitivo.”

Fonte
CNN Brasil

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