A crise e os delinquentes lombrosianos

Eu achava que a política era a segunda profissão mais antiga. Hoje vejo que ela se parece muito com a primeira. (Ronald Reagan)

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A crise política e econômica atinge patamares sufocantes. De “esqueçam o que escrevi”, “não sei de nada”, à “saudação a mandioca”, uma tragédia anunciada. É muito tempo perdido para um país que precisa crescer e gerar oportunidades, empregos, superar obstáculos, promover justiça social. De volta ao adágio popular: “o país cresce enquanto os políticos dormem”. A “presidenta” Dilma Rousseff, eleita pelas urnas eletrônicas, entra em desespero. Esta diante da análise do pedido de impeachment aberta pelo deputado Eduardo Cunha. Ela, complicada de um jeito e ele, dentre outros, no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. As urnas, antes exaltadas, como econômicas, céleres, “confiáveis” e “úteis”, nem com previsões do Tribunal Superior Eleitoral ficam isentas de cortes. É possível que voltemos a utilizar cédulas eleitorais de papel. Existia a ilusão do voto com emissão do comprovante ou, mais, o voto biométrico. Tudo está “indo pelo ralo”. A turbulência se agrava e o sofrimento da população aumenta.

Em sua maioria as notícias não são boas para a sociedade. São cortes e impostos. Sustos e desânimo na classe trabalhadora. Tudo enoja. Não existe altruísmo. Parlamentares “olhando o próprio umbigo”. As exceções são raras. É uma situação insana, que passa longe dos especialistas da ciência política e psiquiátrica.
Tudo faz lembrar, para tristeza, repetição de fatos históricos. Certa feita, reagindo a “insultos” de jornalistas o tresloucado presidente Jânio Quadros “disparou sua metralhadora” e acusou os desafetos de “delinquentes lombrosianos”. Verdade ou mentira, de forças ocultas a delinquentes o velho tentava explicar o inexplicável. Homem histriônico e de vernáculo apurado, estava fazendo alusão ao criminalista italiano Cesare Lombroso, que defendia a tese de que os criminosos possuíam características (biótipos) muito claras, inatas. Seus estudos antropológicos criminais publicados no livro “L’uomo delinquente” (O Homem Criminoso), apontavam para a possibilidade de que pessoas pudessem nascer “carimbadas”, com o estigma de maléficas, hediondas, bandidas.

As argumentações favoráveis ao estudo criminal foram muitas. E muitas ou até mais também foram em sentido contrário, argumentando que se poderia também nascer – o homem – imbuído de compreensão, tolerância, avesso a pratica criminal, dado ao pacifismo e compartilhamentos saudáveis (do bem). De outros estudiosos, nem a favor nem contra, apenas desdém. As perguntas surgiam: seria razoável aceitar que o autor do crime, da transgressão juridicamente condenável ou o pacifista e conciliador, fosse refém de uma circunstância natural? E aceitando a tese, qualquer que seja sua ação o resultado será, sempre, a catástrofe, a infração às normas, o coroamento do ilícito ou, em sentido contrário, a alegria, conduta escorreita, a paz?

São questões que surgem e “rasgam” o tempo, ocupando cientistas e especialistas na psicologia e psiquiatria forense. Fato é que, a contribuição do famoso criminalista procurou analisar o que está dentro da cabeça das pessoas, quando provocam tragédias, desconforto social, e não possuem discernimento, autocrítica, para “dar um tempo” e repensar ou praticar atos de grandeza, evitando consequências que afetem negativamente a maioria. Lombroso restringiu sua pesquisa à caracterização e dedução de tendências criminosas conforme a figura do delinquente (aparência), numa metodologia empírica (experiências vividas) em ângulos diversos, como a parte física (fisionomia, sensibilidade, agilidade, sexualidade, peso e idade) e anomalias no crânio, composição biológica (como hereditariedade, reação etílica) e psicológica (senso moral, inteligência, vaidade, preguiça, esperteza).

Voltando ao início da conversa… Qualquer semelhança com fatos da vida real será mera coincidência.

Gilberto Clementino
Análise Política
Crédito imagem:internet – www.mondadoristore.it 

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